28 de set. de 2007

RPG — antes e depois

Há algum tempo, venho observando posturas tomadas por parte dos jogadores de RPGs, sobre os caminhos que o estilo tomou da geração retrasada pra cá (quando deu início à conhecida como "128 bits") e as críticas sobre as novas fórmulas do gênero. Se existem pessoas que dizem que RPGs não são mais como antigamente, que os antigos cativavam mais, é algo digno de atenção. Oras, existem games de RPG maravilhosos em todas as gerações, assim como outros medíocres. Se houve decepções em relação ao nono episódio da série Final Fantasy, por exemplo, ninguem lembra (não é uma opinião generalizada, apenas como boa parte dos fãs reagiram). O motivo é bem simples: houveram games como FF 7 e FF8, Chrono Chross, Wild Arms, etc (só pra constar alguns exemplos). O fato é que a mediocridade é facilmente esquecida, então tudo bem dizer que os bons (aqueles que marcaram) são os antigos. Sempre haverão games bons e ruins, de todos os estilos. Mas o motivo não é só esse.
O que visualizo dentro da crítica dos RPGs, é que estes, com as facilidades proporcionadas pela tecnologia, se tornaram bonitos tecnicamente mas foi esquecido do que é mais importante no gênero: a história. Eu não concordo com essa postura, mas acho compreensível.

Existem games com o enredo maravilhosamente bem construído nessa geração, e dizer o contrário (e o pior, afirmar que as coisas ficarão cada vez piores) não é uma conclusão das mais inteligentes. Então por que os games antigos cativam mais? A resposta creio eu, está na forma em que esses jogos foram produzidos. Um RPG para o Snes por exemplo, possui um aspécto técnico realmente simples. Os gráficos são limitados, e os personagens não se expressam muito através da imagem. Eles não falam (com vozes), não gesticulam (ou até gesticulam, com 2 ou 3 movimentos pré-programados), e até os acontecimentos mais "movimentados" foi um desafio para os desenvolvedores (a Square conseguiu resolver isso na geração 32 bits, com as fantásticas sequências em CG). Isso desperta no jogador, algo bem próximo da experiência de ler um livro. A imaginação sobre aqueles acontecimentos, os personagens e a trama. Logo, a história se torna um pouco nossa, já que moldamos um pouco do todo.


Nos RPGs mais avançados, a experiência se torna menos literária e mais cinematográfica (até lembro do game Parasite Eve do PS1, que tinha como slogan: Cinematic RPG). Os personagens não são mais bonecos. Eles são personalidades totalmente criadas. Eles já têm seu jeito de falar (e claro, sua voz), seu jeito de expressar e até um jeito de andar. A câmera muitas vezes se movimenta (nas chamadas cut-scenes), enfim: você literalmente assiste, como se estivesse vendo um filme. Com menos subjetividade e mais grandiosidade, creio que para boa parte dos apreciadores do gênero, foi algo encômodo. Claro que existem games que resgatam um pouco do estilo antigo de ser, com características saudosistas, mas a evolução natural ja está feita.

Para muitos, o estilo antigo era melhor. Mas não é algo realmente difícil de entender. Afinal de contas, quando existe um livro e um filme sobre uma mesma obra, qual você aprecia mais?

Fernando Rodrigues

4 comentários:

Anônimo disse...

Véii aaaahsausia
curto mto suas materias soh
é claro q é o filme!!

;]

Bruna Torres disse...

Gostei mto do post! Afinal, quem mais para fazer uma crítica tão boa quanto Fernando Rodrigues? Também sou rodrigues tá? hehehehe!

Nem quero discutir o que é melhor ou o que não é... Depois vem aquela de que alguns RPG não são RPGs e sim StoryTellers, então fico na minha e continuo jogando!

Heheheh!
Bjs!

Anônimo disse...

De boa mano, mas acho q vc viajou grandão nessa matéria, o problema é que quem cresceu jogando os clássicos da geração de 8 e 16 bits não cai tão facil na enganação que são essas cgs e demais cenas "squareofonicas", não que o problema esteja nas cenas, o Xenosaga 1 e 3 são dois jrpgs otimos que usam e abusam de "cinematics", mas sim no abuso das cenas a la hollywood para desviar a atenção do jogador de uma historia fraca e com personagens superficiais ou que não tenham nenhum carisma.

Edson Makoto disse...

Eu entendo o seu ponto de vista, mas na minha opinião os jogos antigos ainda nos cativam não pelos seus méritos artísticos, mas sim pela nostalgia q nos proporcionam. Pq será q existe tanta gente q é ZOMG FF7 BEST GAME EVER? Na época, foi o primeiro RPG de uma porrada de gente, e a impressão dos rose-colored glasses é sempre mais forte.

FF6 é o meu preferido, mas isso não significa que seja uma obra-prima. Em retrospecto, hoje vejo que o roteiro é muito bom, mas os diálogos são totalmente fracos nas caracterizações, de um ponto de vista literário. Compare com o diálogo de Vagrant Story por exemplo, com a nova localização de FF Tactics, ou mesmo a fantástica tradução de FF12: praticamente obras de arte.