14 de set. de 2007

Análise: Metal Gear Solid 3: Snake Eater

É interessante acompanhar o lançamento de todo Metar Gear Solid desde as primeiras informações reveladas. De uma forma única, a Konami monta na cabeça de cada jogador um game diferente, e a quantidade de informações polêmicas que vão surgindo ao longo do tempo são de encher facilmente centenas de páginas de discussões nos fóruns de Internet. Talvez o mais incrível de tudo isso, é que Hideo Kojima, sem medo de arriscar, acaba sempre surpreendendo colocando a idéia de seu jogo bem diferente do que todos pensavam (ou a maioria), e mesmo assim conseguindo superar as expectativas criadas. Então quando vimos pela primeira vez nos vídeos exibidos uma figura com o mesmo rosto de Raiden, teorias das mais fabulosas surgiam para tentar justificar esse fato. Aproveitando da grande complexidade do enredo do espetacular Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty (méritos à parte de Kojima, ao compreender que as pessoas imaginariam que TUDO poderia acontecer no próximo episódio), é realmente uma lavada para os jogadores ao descobrir quem é aquele personagem (que não revelarei aqui).
Com uma história que perde muito de sua complexidade anterior, MGS3 leva a gente a pensar como um enredo inserido de forma simples pode ser tão expressivo quanto às idéias tão abstratas do antecessor. Snake Eater fala sobre a lealdade, honra, o patriotismo tão cego gerado em guerras (e as intenções deste patriotismo), a traição... na verdade a quantidade de sentimentos que a história de Metal Gear Solid 3 consegue passar é tão forte que eu poderia criar um artigo exclusivo para o enredo. E com toda essa qualidade, é fascinante que a narrativa consiga alcançar um nível ainda maior (sendo nesse ponto, o melhor da série até agora) ao criar uma aventura divertida, com personagens carismáticos (incluindo os vilões) que gera acontecimentos capazes de nos manter sempre atraídos para os acontecimentos que irão desenrolar. Tudo isso é claro com a ajuda de cut-scenes, que não só merecem méritos gráficos (como vou falar mais adiante), como também se destacam no ponto de vista cinematográfico, exibindo direção, edição e fotografia tão competentes quanto grandes sucessos do cinema (isso NÃO é um exagero).

Com sua experiência habitual, Hideo Kojima cria um cenário incrivelmente bem feito para ser explorado. Dessa vez a aventura se passa na década de 60 e o cenário é a guerra fria, então não espere por muitos elementos high-techs (calma, os Metal Gears existem). Cada parte do cenário (a maioria floresta) foi feito com uma inspiração gigante, e apesar da linearidade continuar lá, tudo foi feito com um carinho notável, desde as gramas, lagos, árvores, tudo que puder ser usado como um lugar para se esconder de forma estrategicamente colocada. Alem disso, a quantidade de detalhes é tão grande que parece realmente que a floresta está viva. Se MGS2 (que foi lançado no inicio do PS2) ainda possui gráficos top de linha, é bem óbvio que a beleza estética do terceiro episódio beira a perfeição. Da mesma forma, Harry Gregson Williams cria novamente um tema fortíssimo para o episódio da série, com influências óbvias de 007 (e a letra ainda faz uma bela referencia ao tema tratado pelo jogo com a letra I give my life, not for honor but for you). As outras faixas continuam no belo patamar de qualidade, com alguns diferenciais (a musica de quando você é visto pelos inimigos de nada lembra ao famoso tema do primeiro jogo).

E se a parte técnica está excepcional, temos dessa vez um game play um pouco irregular. Com uma câmera que se preocupa mais em manter a tradição do que em ser funcional, é difícil não se sentir incomodado em muitos momentos, e já que se tratando de uma floresta, é trabalhoso não poder enxergar o que está à sua frente. Um novo sistema de ferimentos e saúde foi implantado, mas poderia ter sido feito de maneira mais pratica, já que na maioria das vezes eles só passam raiva. Funciona mais ou menos assim: Snake precisa se alimentar regularmente, e pra isso precisa caçar. Caso o jogador não o faça, uma barra de energia (não a convencional, uma segunda barra) começa a esvaziar, e alguns efeitos irão penalizar o jogador. Até aí está ótimo, o problema é que irrita ficar pausando o jogo toda hora, principalmente quando se trata de curar ferimentos. Ao invés de você se preocupar apenas com os itens e deixar a função de escolher os remédios de forma automática, o jogo obriga que você selecione os curativos manualmente, e como no próprio menu já está indicado qual você deverá usar (abandonando a possivelmente divertida tarefa de descobrir qual o certo a fazer) só resta os penosos exercícios de clicar nos itens até que tudo se resolva. Isso não chega a ser comprometedor para o resultado final, mas sem duvida poderia ter sido feito com um pouco mais de carinho.

Mas tirando alguns probleminhas, MGS3 é divertido não só de assistir como também de jogar (é engraçado dizer isso já que estou falando de um game). E o momento em que mais se nota isso com certeza é na batalha contra o Bosses. Como de praxe, cada um deles exibe um carisma particular muito grande, e enfrentá-los é sempre emocionante. De batalhas rápidas como contra The Fear, até o criativo confronto com o sinistro The Sorrow, sempre é gratificante derrotar os membros do Team Cobra. E tenho que falar aqui, em especial à batalha contra The End, que com certeza está entre as lutas de chefes mais marcantes de toda a história dos videogames. Podendo levar mais de uma hora de duração, esse confronto em particular exige um esforço metal e psicológico do jogador, necessitando de muita competência, reflexos e principalmente paciência, tendo em vista que é uma batalha de Snipers. A tarefa com certeza vai ser dura, e existem vários jeitos de conseguir conquistar a vitória, mas não me recordo de um confronto tão gratificante em um videogame, e são elementos como esse que marcam um clássico.

Contando com um desfecho absolutamente espetacular, Snake Eater é de fato, um dos jogos de maior qualidade da geração passada. Lindo artisticamente e com um enredo tão inteligente e dramático, MGS3 é um desses games com o potencial de tirar o sono, matar aulas, tudo pra ficar jogando. Mesmo com algumas pequenas falhas, o jogo continua fascinante. Parece que virou mesmo tradição da Konami lançar clássicos com o nome Metal Gear Solid. Resta apenas aguardar para continuar essa aventura fantástica, e é por isso que mal posso esperar pelo próximo episódio.


(Notas de 1 a 5 estrelas)

Fernando Rodrigues

Um comentário:

Anônimo disse...

Simplesmente um dos melhores jogos que já joguei.

MGS é uma das melhores séries do mundo do VG ao lado de Zelda, God of War, Final Fantasy, Resident Evil e outros.

Só que MGS tem uma história cinematográfica.