22 de out. de 2007

O perigo das avaliações

Existe um problema que acerca todo e qualquer material jornalístico de games: o das avaliações. Como estruturar um sistema, que através de notas defina de forma clara e rápida para o leitor a qualidade de um game, ressaltando as qualidades e os defeitos? É um pouco mais complicado do que parece.

O fato é que muitos sites e revistas têndem a ser criteriosos demais, ignorando o fato de que dissecar qualquer obra de forma tão "robótica" é praticamente impossível. Se a GameSpot fala que a nota final de Metal Gear Solid 3: Snake Eater é 8.7 e Devil May Cry 3 é 8.6, é uma afirmação de que MGS 3 é um centésimo melhor que DMC 3. Como é um site que avalia praticamente todos os jogos que chegam aos EUA, é óbvio que os erros e contradições não serão poucos (pra falar a verdade, com um método desse, eu até admiro o julgamento da GS).
Comparar em uma mesma escala, medindo os mesmos atributos de qualidade, é outro erro. O site Gametrailers por exemplo, avalia 3 requesitos: gráficos, história e diversão. Para alguns games, é até um sistema plausível, mas será que um jogo de corrida merece tanta atenção para a história como um RPG? É aí que os problemas aparecem de forma ainda mais catastróficas. Um game precisa ser avaliado da forma como esse se propôs a ser, e isso é difícil de se colocar dentro de uma tabelinha. O que acaba levando a alguns sites e revistas a "melhor" maneira de avaliar, que seria praticamente analisar apenas os aspéctos técnicos (com excessão somente à diversão), o que ameniza o problema mas não o elimina. Como colocar esse "algo mais", essa característica cativante, que passou um sentimento, de forma talvez até artística, em um sistema de avaliação?
Pra completar, existe ainda o receio dos leitores, principalmente os istas (jogadores que protegem uma empresa de forma quase religiosa) de não aceitarem a nota que foi dada, o que vai na verdade tirar méritos do site/revista. Quem não se lembra da novela Twilight Princess? A GameSpot analisou o jogo de forma corajosa, expondo suas qualidades e defeitos, e a nota final foi um bom 8.9. O problema é que houveram milhares de fãs que, antes mesmo do game sair, o rotulou como o sucessor de Ocarina of Time, ou melhor dizendo, o melhor jogo de todos os tempos. E mesmo ainda antes de jogarem o game, difamaram o site e de quebra desejaram que Jeff Gerstmann, autor da análise, morresse de forma dolorosa.
Em uma indústria dominada pelo fanatismo, as vezes é duro falar a verdade.
Fernando Rodrigues

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu ia colocar isso no fórum UOL, mas o tópico sumiu. WENtão vai aqui:

A imprensa especializada em games é uma coisa recente, por isso comete erros básicos como avaliar a qualidade de jogos como se ela fosse mensurável.

Veja uma crítica de filme, disco, ou restaurante. Nenhum crítico de respeito vai escrever que um filme é nota "7,4", ou que um novo CD vale exatamente "8,2". Isso é coisa de nerd sem noção, ou seja, "especialistas" em games desses sites e revistas.

O ideal mesmo é escrever uma análise decente e relativamente curta. O intuito deveria ser o seguinte: visão geral destacando os pontos fortes e fracos para que assim o leitor saiba que jogos dentre os milhares disponíveis têm a maior chance de satisfazer suas exigências pessoais. O problema é que os caras não querem apenas fazer uma triagem dos jogos, facilitando a vida dos consumidores. Eles querem julgar o jogo. Querem fazer uma análise quase filosófica.

Aí surgem os absurdos. Vou dar como exemplo o Bioshock não por motivos "flamerísticos". É um jogo que vale a pena comprar? Pra uma grande parcela sim. É um jogo extraordinário? Não, possui um desafio ruim, com jogabilidade sofrida. É um exemplo perfeito: as revistas têm como função destacar sua ambientação perfeita para que os que gostam de se sentir dentro de um enredo instigante comprem o jogo. Mas devem também destacar sua jogabilidade pífia para os que gostam de desafios insanos e da essência clássica dos games fiquem longe do jogo.

Como não fazem isso, que é uma coisa simples e não justificaria o salário de muito desses caras, acabam inventando coisas que definitivamente não colaboram para a escolha dos leitores. Bioshock, apesar de defeituoso em sua essência de jogo, merece sim vender bem por proporcionar uma ambientação legal de se "viver" como protagonista da história. Mas isso não quer dizer de maneira nenhuma que seja um jogo bom, mas que apenas proporciona algo que muitos gostariam de experimentar. A imprensa especializada, quando analisa jogos como este, não consegue fazer essa simples distinção. Por isso, jogos como Bioshock acabam recebendo notas altíssimas.

Resumo: não confiar na imprensa especializada e não levar notas a sério. Usar o pouco que presta desse imprensa para encontrar algo de seu gosto e jogar para experimentar. Quem lê muita revista e site especializado acaba apenas absorvendo informações inúteis e opiniões toscas alheias.

Anônimo disse...

Muito interessante sua opinião. Seja bem vindo ao Geração bit :)

Foi realmente uma pena o tópico ter sido deletado no fórum. O moderador deve ter alegado como propaganda do blog.

Marco Paulo disse...

Cara... é... eu vou ter que discordar :D
Esse sistema de notas é muitíssimo legal, mas é uma opinião. É ai que está o problema né: do jeito que você fala, o jornalista de games não pode dar a sua opinião na forma de um número, uma vírgula e um outro número. Eu acho o contrário. Eu gosto disso. Gosto porque, por exemplo, quando quero um jogo novo do estilo X, entro no site Y, olho no rank de games deles e procuro o mais pontuado que é do estilo que eu quero. Isso quer dizer que ele é o melhor de todos? Não. É só uma opinião escrita em números. Uma resenha curta e direta é, ainda, uma opinião. Não vejo problema nenhum nesse tipo de avaliação.

PS: Cara, eu senti que nesse post seu vc comparou MGS3 e DMC3 como se MGS3 fosse MUITO melhor que DMC3, e não apenas 0,1 melhor. Tá ai a contradição: isso é a SUA opinião. Os dois são muitíssimo excelentes (to jogando o Snake Eater :D), mas na MINHA opinião, o DMC3 é muitíssimo melhor. ;)

Anônimo disse...

Ae grande MP, o meu alter ego hahaha...

Bom cara, o que eu quis dizer não foi que alguem não pode se expressar através de números. Eu mesmo faço isso nas análises do Geração Bit. A questão é: tente dar a nota de 5 jogos que passar na sua cabeça, sendo que essas notas serão de 0 a 10 e terão todos os .1,.2,.3, etc. Não vai demorar pra vc perceber que foi algo de momento, uma avaliação impossível de ser feita por qualquer ser humano, já que são ao todo 110 possibilidades de valores. É algo complexo demais pra mente fazer uma distinção dessas.

E não, não quis dizer que MGS3 deveria ser muito melhor que DMC3 nas notas da GS. Foi apenas um exemplo para entender como é difícil afirmar que um jogo é um centésimo melhor que outro. Sou fã das 2 séries, e embora considere MGS3 superior, não fui tendencioso quando fiz essa observação.

Abraços ;)

Anônimo disse...

Ótima matéria, adorei.

Eu faço assim: Leio várias avaliações depois jogo um pouco do jogo e faço a minha avaliação.

Agora se eu ver todos os sites falando mal do jogo eu nem jogo, já sei que é ruim, e se todos falam bem aí eu já sei que é um sucesso, nao é possível todos estarem errados

agora se o jogo ganha 10 em uma revista, 5 em um site. Aí eu tiro minhas próprias conclusões.